
Esta semana agarrámos no poema “Também da Chuva” de Fiama Hasse Pais Brandão e apercebemo-nos que a poesia fala, de facto, de todas as coisas que há no mundo… até da chuva!… Abre-nos portas, janelas… Aponta o dedo e diz-nos “Espreita… Descobre.”.

Todas as segundas-feiras um poema novo chega e leva-nos através de uma semana em que primeiro o ponderamos e retiramos dele a nossa própria visão, e depois tornamo-lo motricidade, música, ciência, arte dramática, expressão plástica… E incontáveis outras coisas. Por fim, é Pensamento. Experiência. Memória. Aprendizagem…

Um poema é uma visão tão pessoal de alguma coisa que é impossível não ficar em nós como algo intransmissivelmente “nosso”. A chuva, por exemplo, está no poema mas também caiu ontem e já hoje. A mesma chuva que cria poças sob os nossos pés e nos faz (tanto) querer saltar sobre elas. A mesma que molha a janela e o parque de diversões, e que cai à noite lá fora e nos embala no sono…

Essa chuva, percebemos agora, é única para cada um de nós… E canta para cada um de nós, uma melodia ímpar. Como se ao cair tocasse em cristais que, todos diferentes, não lhe pudessem devolver sons iguais…

A minha gota de chuva quando cai faz… e tem a cor de… A tua…? Hoje à tarde ouvi dizer que vamos apresentar o Boletim Meteorológico como se estivéssemos na televisão… A sério?… Sim… E assim se encontra a Ciência com a Poesia e juntas descobrem o que faz “descer” a chuva, sobre uma e outra…
Catarina A. Correia dos Santos
Autora do Projecto A Casa Amarela
Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica (I.S.P.A.)
Licenciada em Psicologia Social e das Organizações (I.S.P.A. /Katholiek Universiteit Brabant)
Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (O.P.P.)
Bibliografia:
Pais Brandão, F. H. (2006). “Obra Breve”, Assírio & Alvim.